Para quem acredita em seres invisíveis, espíritos, ou outros
nomes que caracterizem algo que de alguma forma vai contra a nossa realidade
existencial, este é de certo um assunto que pode interessar.
“Algumas pessoas perguntam a diferença entre bruxas e magos.
Antigas tradições de magia hermética
chamavam seus adeptos de magos, considerando o termo um diferencial do mágico
ilusionista e do mago popular, a quem chamavam bruxo. Um outro termo que também
foi usado para definir o praticante de magia era magista. Os praticantes da
Arte eram membros da alta sociedade, indicados por um padrinho. Assim, houve um
afastamento da magia natural e da antiga considerada tradicional. Eu sei que é desagradável, mas vamos ter que falar de
separatismo social, diferenças de classes e tudo o mais, para entender um
pouquinho o porquE dessa separação. A Alta Magia, poderosíssima, em todos os
seus aspectos, sempre foi uma magia cara. Seus elementos incluíam ouro, prata,
platina e pedras preciosas. Lembro de ter rido por uns 15 minutos ao ler sobre
um ritual para a prosperidade onde era preciso ter um anel de ouro encrustado
com um rubi.Se você está procurando a prosperidade, deve ser porque ainda não
encontrou, então onde você vai arrumar uma jóia desse valor? É claro que eu não
imaginava que pessoas que já são prósperas também fazem rituais para conseguir
mais prosperidade. Assim, o mago solitário era raro. Os conhecimentos da Alta
Magia eram passados apenas para iniciados, que só entravam numa congregação ou
confraria de magos, mediante apresentação e indicação de um membro. Se você
fosse pobre, era bom que tivesse algum tipo de talento e tanto para justificar
tal investimento de confiança em você. Se você, além de pobre, não tinha
talento para nada, esqueça.
É claro que muitas pessoas tinham outras preocupações que
podiam até não parecer para os magos de ambições elevadas, mas eram muito
importantes para elas. Então, uma mãe que quer curar a febre do filho, um homem
que deseja conquistar uma mulher ou fazer chover em sua plantação também faziam
seus rituais e encantamentos mágicos. Como os conhecimentos eram passados
livremente, não havia nem necessidade de criar uma associação ou coisa parecida.
Feitiços eram trocados como trocamos receitas hoje em dia. Depois da
Inquisição, a coisa mudou de figura, mas até então, os bruxos eram considerados
apenas magos pobres.
![]() |
Merlin - O mago mais famoso |
Como as duas classes sociais praticamente não se
encontravam, os mitos e boatos em torno de cada facção, proliferavam. Para os
altos sacerdotes, os bruxos não passavam de pessoas ingênuas realizando
corruptelas de feitiços verdadeiros e, se funcionavam, era porque tinham dado
sorte. Para os bruxos, os sacerdotes eram engomadinhos que não mereciam
atenção, pois tinham mais pompa que real poder (isso quando chegavam a ouvir
falar deles, já que as confrarias eram extremamente discretas).
Realmente, muitas pessoas não tinham a menor ideia do que
estavam fazendo. Seguiam a receita e aguardavam resultados. Daí vieram as
simpatias, corruptelas de antigos feitiços que são passados através dos tempos
entre o povo. Muitas dessas simpatias mantiveram o poder mágico, mantendo pouco
alterados seus ingredientes e sua forma de execução. Outras perderam completamente
o valor através do “telefone sem fio”, virando até outra coisa completamente
diferente.
Nesse ponto, os altos sacerdotes possuíam um diferencial.
Como estudiosos, detinham-se no porquê das coisas e sabiam que tipo de
ingrediente podia ser usado ou substituído, em que horário e circunstância
deveriam realizar tais feitiços e quais entidades poderiam invocar com
segurança. Nem todos os bruxos se dedicavam tanto assim aos estudos. Muita
gente se contentava com resultados. Se você bota o milho dentro da panela e ele
vira pipoca, dane-se como isso aconteceu. O importante é que a pipoca esta
quentinha e o filem já está começando. Saber é bom, mas toma um tempo e às
vezes é bom só curtir um pouquinho as coisas da vida. Bruxos eram conhecidos
não por seus rituais, mas por festas com fogueiras, comida e música. Eram
chamados sabás, e como as pessoas comuns, acostumadas a rituais formais na
igreja, não sabiam o que era, diziam que era coisa do demônio. Mas aí veio a Inquisição e aquela mania chata de fazer
churrasquinho das pessoas esquisitas, mal amadas, invocadas, epilépticas,
antipáticas, bem-sucedidas demais para o padrão do povoado e até uma ou outra
bruxa distraída que deu mole e foi parar na fogueira para deixar de ser mané.
Com isso, as confrarias ficaram mais na moita ainda e nenhum mago foi levado à
fogueira (pelo menos, até onde pesquisei) e os bruxos de verdade usavam seus
dons e sapiência para sair correndo antes ue o bicho pegasse.
Hoje, sempre me refiro em minhas publicações a bruxas e
magos, reconhecendo apenas uma leve diferença entre eles. Um bruxo pesquisa
tudo e adere geralmente ao lado mais natural da magia. Ele tira de seu ambiente
o que precisa para realizar seus feitiços e encantamentos. Um mago também
estuda, mas se utiliza mais de rituais, cerimonias, metais e pedras preciosas
para seus encantos, embora não deixe de utilizar ervas, incensos e tudo o mais.
A indumentária do mago pode ser bastante formal, como todo o procedimento de
suas magias. O bruxo é mais natural, mais espontâneo e bem menos formal.”
fonte:Colecção Wicca, editora Escala, Wicca – A Magia Hoje, Eddie
Van Feu
Nenhum comentário:
Postar um comentário