
As Crises
A dor de cabeça típica da enxaqueca é uma sensação latejante de “pressão para fora”, como se a cabeça fosse explodir. A localização pode variar entre uma crise e outra. A dor também pode acometer a região dos dentes, a face e a nuca, podendo ser confundida com problemas dentários, sinusite ou problemas na coluna. Náuseas, vômitos, dificuldade para enxergar na claridade, irritabilidade, ansiedade e depressão também podem ocorrer. Aproximadamente 1 de cada 5 pessoas afetadas experimenta auras, manifestações associadas à enxaqueca que assinalam a aproximação de uma crise. As auras costumam causar alterações visuais, incluindo sensação de linhas onduladas, pontos luminosos ou visão escurecida, e podem preceder a crise de enxaqueca em 20-60 minutos. Sensação de formigamento na face ou nos braços e dificuldade para falar também são outras manifestações comuns das auras. Na maioria dos casos, as crises duram de 4 a 72h, interferindo profundamente com as atividades diárias.
O Diagnóstico
O diagnóstico é feito através do exame médico. Exames como radiografias, tomografias, ressonâncias e eletroencefalogramas podem ser solicitados para excluir outras doenças com manifestações semelhantes (p.ex.: derrame, aneurisma cerebral, hemorragia intracraniana, meningite, epilepsia, tumores, etc), mas não existe um teste específico capaz de confirmar a presença de enxaqueca.
O Tratamento das crises
Muitos fatores podem contribuir para a ocorrência das crises de enxaqueca. Evitar o contato com estes gatilhos é fundamental para reduzir o número e a intensidade dos ataques. Durante as crises, podem ser utilizados analgésicos como paracetamol, AAS e ibuprofeno, ou substâncias específicas direcionadas para o tratamento da enxaqueca, como a dihidroergotamina ou o sumatroptano. O tratamento deve ser individualizado ao máximo e apenas o médico está capacitado para determinar o medicamento ou a combinação de medicamentos mais indicada para cada caso.
O Tratamento preventivo
As medicações preventivas estão indicadas para as pessoas que apresentam ataques frequentes de enxaqueca (3 ou mais ao mês) e que não respondem bem ao tratamento das crises. Os principais medicamentos utilizados para prevenção incluem beta-bloqueadores (p.ex.: propranolol e atenolol), anticonvulsivantes (p.ex.: ácido valpróico, topiramato e gabapentina), bloqueadores de canais de cálcio (p.ex.: verapamil e anlodipino), inibidores de recaptação de serotonina (p.ex.: fluoxetina, paroxetina e sertralina) e antidepressivos tricíclicos (p.ex.: amitriptilina, nortriptilina e desipramina). Todos estes remédios possuem indicações muito específicas e efeitos colaterais potencialmente danosos, não devendo ser utilizados sem orientação médica restrita.
Outras medidas preventivas
Evitar as substâncias e situações capazes de desencadear as crises é uma medida prática e eficaz. Dentro do possível, recomenda-se evitar bebidas alcoólicas, adoçantes artificiais, cafeína, chocolate, queijos, alimentos gordurosos, glutamato monossódico (presente em muitos temperos), nitratos e nitritos (presentes em salsichas e outros alimentos processados), cebolas, laranjas e tomates. Alguns fatores relacionados aos hábitos de vida também merecem uma atenção maior: alergias, períodos prolongados de jejum, exposição a luzes intensas, fumaça de cigarro ou odores fortes, falta de um padrão de sono regular e alterações nos níveis de estresse podem ajudar no desenvolvimento das crises. O mesmo vale para pílulas anticoncepcionais contendo estrogênios e certos medicamentos utilizados para reduzir os sintomas da menopausa. Para aliviar as crises de enxaqueca, além de tomar as medicações receitadas pelo seu médico, você também pode fazer o seguinte:
Repousar em locais frescos e escuros.
Recostar é melhor que se deitar.
Colocar gelo sobre as áreas dolorosas dá algum alívio.
Beber muita água e comer moderadamente, evitando alimentos muito temperados ou condimentados. É importante lembrar que a avaliação médica é essencial em todos os casos.
Referências Bibliográficas 1. Silberstein S, Tfelt-Hansen P, Dodick DW, Limmroth V, Lipton RB, Pascual J, Wang SJ; Task Force of the International Headache Society Clinical Trials Subcommittee. Guidelines for controlled trials of prophylactic treatment of chronic migraine in adults. Cephalalgia. 2008 May;28(5):484-95. 2. Hurtado TR, Vinson DR, Vandenberg JT. ED treatment of migraine headache: factors influencing pharmacotherapeutic choices. Headache. 2007 Sep;47(8):1134-43. 3. Gagne JJ, Leas B, Lofland JH, Goldfarb N, Freitag F, Silberstein S. Quality of care measures for migraine: a comprehensive review. Dis Manag. 2007 Jun;10(3):138-46. 4. Láinez JM, Castillo J, González VM, Otero M, Mateos V, Leira R, Pascual J; Grupo de Estudio de Cefaleas de la Sociedad Española de Neurología. Recommendations guide for the treatment of migraine in the clinical practice. Rev Clin Esp. 2007 Apr;207(4):190-3. 5. Silberstein SD. Preventive treatment of migraine. Trends Pharmacol Sci. 2006 Aug;27(8):410-5.
Fonte: universo-online