sábado, 2 de maio de 2009

Ouvir, emitir e afinar

O ouvido escuta o som e simultaneamente cristaliza as atitudes necessárias à arte vocal, o aparelho auditivo as posiciona de tal maneira que as respostas neuromusculares e sensoriais se realizam e determinam a audição. Quando o som é captado pelos ouvidos, outros estímulos transmitem a informação aos centros cerebrais e aí o som é guardado na memória. Para coordenar o som e emití-lo, entram em ação novos estímulos que partem de certas áreas do cérebro para os centros nervosos dos músculos respiratórios, laríngeos, bucais e outros. Então você ouve, guarda o som na memória e agora sim o emite. Quando emitimos os sons cantados, eles podem soar afinados ou não, mas afinal o que é afinação?
Diz- se que o cantor é afinado quando ele atinge as alturas sonoras propostas de maneira correta. O som é movimento (vibração) e possui o que chamamos de frequência (quantidade de vibrações por segundo). Se conseguirmos 16 vibrações por segundo, já ouviremos um som. Existe um padrão de afinação ocidental onde afina-se o LÁ em 440 Hz (Hz =vibrações por segundo); essa maneira de afinar é uma convenção que pode variar de época para época. Por exemplo, no barroco a frequência da nota LÁ era de 432 Hz. Portanto, afinar é atingir a mesma frequência que foi tocada ou ouvida na melodia original a ser cantada. Em geral para ter acesso ao LÁ padrão (440 Hz) utilizamos o Diapasão, que é um pequeno instrumento de metal em forma de forquilha que produz uma nota determinada, geralmente o LÁ; a partir dela você afina os instrumentos e vozes. O Diapasão também pode ser de sopro e produzir mais de uma nota para referência e até mesmo eletrônico sendo mais propício para locais de muito baralho ou mesmo apresentações. Alguns fatores interferem na afinação. A falta de percepção é um deles. Todos devem aprender a ouvir. Quem é saudável fisicamente, escuta. A escuta pode ser consciente ou não. O cantor deve aprimorar sua escuta consciente, seu ouvido interior.
Como? O cantor, ao ouvir o som, deve conseguir compará-lo e diferenciá-lo de outros. Por exemplo: um som grave, de um médio ou agudo; um som forte; de um som fraco; sons mais longos, de mais curtos; distinguir timbres, os diversos instrumentos, até conseguir uma percepção mais fina, como por exemplo, distinguir intervalos entre as notas, ouvir a harmonia (acordes que acompanham a melodia), etc. Todos temos, pelo menos instintivamente, a noção sonora da escala de DÓ MAIOR: DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI, DÓ.
A partir dela, e com a ajuda de um bom professor, podemos trabalhar a percepção e o ouvido musical. A estrutura musical não favorável, falta de atenção, repetição contínua de um mesmo trecho, respiração incorreta, falta de apoio no diafragma e notas no limite da tessitura tambem são fatores que interferem na afinação. Todo o estudo ligado à percepção auditiva trará benefícios ao cantor, ampliando sua capacidade de criação, execução, interpretação e afinação. Acreditamos que todas as pessoas que não possuem problemas físicos de audição, podem cantar afinadas. Existem também, problemas psicológicos frente ao ato de cantar, falta de estímulo, ironias de amigos e parentes que comparam pessoas de uma mesma família, crença no "DOM" que com certeza existe, mas a educação do ouvido e desenvolvimento da percepção musical são possíveis. Existem pessoas chamadas "TONE DEAF". Não existe uma tradução exata para este termo; digamos que seja "surdo para frequências". Não é o desafinado; o desafinado em consciência de seu problema. Quando um cantor emite uma nota desafinada, ele percebe seu erro. O TONE DEAF não, ele é capaz de cantar uma música inteira em outro tom e é inútil tentar convencê-lo de seu erro. Acredita-se que o TONE DEAF tenha uma deformação no ouvido interno, que o impede de reconhecer frequências. Do outro lado, existe o "OUVIDO ABSOLUTO". Você pode nascer com o ouvido absoluto e não perceber, até que venha a lidar com a música ou som. O indivíduo que possui o ouvido absoluto reconhece as notas tocadas imediatamente em sua frequência, quando tocadas sozinhas ou agrupadas. O ouvido absoluto é uma habilidade nata, mas não hereditária. Pode- se desenvolver a percepção auditiva, mas não se transforma um ouvido relativo em um ouvido absoluto.

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